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Caros leitores do Site da USS Venture, é com grande alegria que anuncio mais uma colaboradora para este site. Trata-se da professora Rita A. C. Ribeiro, do Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade do Estado de Minas Gerais, e pesquisadora na área de culturas urbanas. A professora Rita, uma grande Trekker, esteve recentemente no Rio de Janeiro ministrando o curso “A Ficção Científica para as Massas” no Centro Cultural da Caixa Econômica.


Este artigo é um presente desta professora para nossos leitores, sobre os valores humanos que foram difundidos pela série através da tripulação da USS Enterprise.

 

Aproveitem o artigo!

 Almirante MDaniel Landman

 USS Venture NCC 71854


 

STAR TREK

ONDE TODAS AS FORMAS DE VIDA SERÃO SEMPRE VALORIZADAS

 

Por Rita A. C. Ribeiro

 

Este ano com a estréia do último longa de Star Trek – Além da Escuridão “Into Darkness”, fiquei surpresa com a quantidade de fóruns na Internet que discutiam se o filme era misógino ou não, por causa da amizade entre Kirk e Spock. Isso me fez pensar nos valores que foram difundidos pela série e em como Star Trek foi responsável pela disseminação desses valores na ficção científica.

 

Em 1966 quando Gene Roddenberry criou a série, o mundo estava mudando, a guerra do Vietnã acontecendo, o movimento hippie, o black power, o movimento feminista, os jovens se posicionando, e Star Trek incorpora todo o espírito de inconformismo, rebeldia e liberdade, que em breve explodiria nos movimentos contestatórios de 1968 em todo o mundo.

 

O ponto inicial seria uma série ligada à ficção científica, dentro dos parâmetros de normalidade e simplicidade das demais séries até então existentes. Mas a construção dos personagens trouxe as características que orientariam posteriormente a produção da série e a diferenciariam de outras, tornando-a uma referência para a ficção científica.

 

 

Tripulação Original da Série Clássica formada pela Diversidade de Seus Membros

 

 

Inicialmente criado como Capitão Robert April, assim Roddenberry definiu as características do Capitão James T. Kirk:  “ ... de personalidade forte e complexa, capaz de ações e decisões que beiram a atitude heróica... vive numa eterna batalha com suas próprias dúvidas e a solidão do comando... Sua principal fraqueza é uma predileção pela ação... mas, ao contrário da maioria dos exploradores, ele tem uma compaixão quase compulsiva em ajudar as pessoas, sejam alienígenas ou humanos, e, ainda, tem de lutar constantemente contra a tentação de arriscar muitas vidas para salvar apenas uma.”

 

Cap. James Tiberius KirkKirk encaixa-se perfeitamente nessa descrição, como o herói destemido e, ao mesmo tempo, em permanente conflito diante de decisões que podem afetar a vida, seja de sua tripulação ou de seres de outros planetas.

 

A estruturação marcante de um herói que apresenta-se por vezes frágil, sem dúvida, é uma das facetas mais instigantes do personagem, porque ressalta, ao mesmo tempo, sua força e poder de decisão e a preocupação constante com aqueles que o cercam. Kirk representa o herói utópico dos anos 60, para quem valores pessoais como a amizade e o respeito pelo outro, têm mais valor que ordens pré-estabelecidas. Em vários episódios, o capitão faz questão de ignorar algumas normas da Federação, em benefício, ou melhor dizendo, em respeito à vida e dignidade de alguém.

 

Sr. SpockO segundo personagem, a princípio pensado para ser uma mulher, transforma-se num alienígena. Spock é apresentado como o Oficial de Ciências. A curiosidade investigativa e a frieza são os traços mais próximos do estereótipo do cientista apresentado na maioria das narrativas de ficção científica. No entanto, o personagem vai aos poucos ganhando uma configuração mais humana, e começam a ser apresentados traços de uma dignidade e honorabilidade que farão com que o personagem vivencie sempre conflitos, entre a sua natureza lógica vulcana e o seu lado passional humano, já que Spock é filho de um vulcano com uma terráquea.

 

A mistura humana-vulcana é um dos pontos principais da constituição do personagem, já que os vulcanos são apresentados como seres movidos pela lógica, controlando totalmente suas emoções.

 

Dr. Leonard McCoyO doutor Leonard McCoy é o personagem mais passional de toda a tripulação. Em vários momentos, ele coloca seu senso de humanidade e justiça acima da lógica, o que rende diversos contratempos com o senso prático do Sr. Spock.

 

O personagem carrega consigo o inconformismo natural do homem diante de determinadas situações que o impelem a agir, por vezes, de forma irracional, seguindo seus impulsos e paixões.  Os personagens de Kirk, Spock e McCoy formam o trio central das histórias em Star Trek.

 

 

Nova tripulação da USS Enterprise, formada segundo

 a idéia inicial de Gene Roddenberry

 

 

A tripulação completa-se com Sr. Sulu, Tenente Uhura, Sr. Scotty e por último, o Sr. Chekov, como personagens fixos na série. As escolhas de Roddenberry vão, de certa forma, contra a maioria dos estereótipos de personagens apresentados na televisão e cinema, até então. Os movimentos por igualdade racial e sexual já estão se desenvolvendo, o que de certa forma reflete as escolhas ousadas de Roddenberry, para o que se pretendia ser apenas mais uma série de entretenimento televisivo.

 

A dualidade é um dos principais fatores que movem as decisões dos personagens.

 

 

Na própria constituição dos personagens, já se pode verificar uma diferença significativa entre a proposta de Roddenberry e os demais produtos da ficção científica até então produzidos. Com um elenco tão característico, era de se esperar que as histórias também se mostrassem diferentes, o que não seria tão fácil. Todos são temas recorrentes no universo da ficção científica. No entanto, o que vai diferir a série das demais é a forma como são abordados. A dualidade é um dos principais fatores que movem as decisões dos personagens.

 

Em Star Trek não existe a figura do herói invencível, que toma sempre a decisão certa e indiscutível. A maioria dos episódios aponta sempre para as contradições que os personagens terão que vivenciar para conseguir resolver seus dramas. Os episódios e a forma como os personagens transitam pelo universo estão sempre nos remetendo às nossas próprias contradições de homens do final do milênio.

 

 

 

 

Nenhum seriado televisivo, até agora, foi capaz de gerar tantos produtos. Atualmente, quando nos deparamos com o poder dos seriados, que se multiplicam a cada temporada, temos que reconhecer o pioneirismo de Star Trek.

 

E pensar também que seus valores, ainda que hoje pareçam estranhos nesse mundo de relações digitais, sempre nos remetem ao fascínio de sermos humanos. E a amizade é um dos nossos maiores valores.

 

 

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Artigo Por:
Rita A. C. Ribeiro - rribeiroed@gmail.com

Obs.: Professora do Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade do Estado de Minas Gerais, pesquisadora na área de culturas urbanas.
 

 

 

 

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